sábado, 9 de agosto de 2014

HAI-KAIS

Título: Hai-Kais
Autor: Millôr Fernandes
Editora: L&PM
Pág: 126


Quem bem me conhece já me ouviu reclamar quando alguém tenta me impingir alguma poesia. Depois de fazer bico, sempre penso: "odeio poesia". E volta a lenga-lenga: não gosto de poesia, gosto de Manuel Bandeira e ponto. Deu pra entender? 
Mas, eis que em mais um dos temas pouco palatáveis dos Desafios Literários me aparece uma seleção de bons escritores (muito bons por sinal), que não estão em meus planos de leitura atual. Qual o Desafio? Divas. Qual o tema? Escolha um autor entre: Mia Couto, Martha Medeiros, Fernanda Young, Lya Luft, Clarice Lispector, Luis Fernando Verissimo, Millôr Fernandes, Caio Fernando Abreu, Martha Medeiros ou  Lya Luft. Nada contra nenhum deles, mas não tinha planos de ler nada neste sentido por estes tempos e eis que sem muita escolha resolvo ler, uns poemas curtos de Millôr Fernandes, tipo assim, me dá cá esta coisa e vamos acabar logo com isto!

Daí que começo a ler os Hai-Kais do Millôr e  me pego surpreendentemente encantada, que delícia de livro, e tem umas ilustrações tão delicadas. Adorei o livro e agora devo dizer que gosto de Manuel Bandeira e de Millôr quando alguém vier me empurrar alguma poesia, porque vou procurar mais livros dele, lógico! 

Não sabia se lia avidamente, ou vagarosamente. Acabei por ler avidamente, mas com releitura de alguns trechos, direito a riso nos lábios e olhar sonhador.  O que me fez pensar que gostaria que meus Hai-Kais fosse  um livro pequeno e bonitinho para carregar no bolso (pequeno até que é, mas vamos combinar as edições econômicas da L&PM podem ser muito boas, mas de bonitinhas não têm nada), como diria a Helene Hanff em Nunca te vi, sempre te amei (ou 84 Charing Cross Road), livro e filme favoritos para toda a vida;  lido, relido; visto e revisto vezes sem conta. 

Como disse lá em cima adoro Manuel Bandeira, eu tinha um exemplar dos contos escolhidos numa edição velhinha da Ediouro, estava cheio de grifos e anotações, páginas soltas, mas que eu adorava.  Sumiu em uma destas mudanças que ocorrem no decorrer da vida... agora tenho uma outra edição, novinha, mesmos poemas, mas ainda sem grifos, marcações ou anotações, ainda é um livro sem história.  Bem resumindo, para não transformar estes pensamentos aleatórios numa bagunça ainda maior, agora terei outro livro de poesia para acompanhar-me: os Hai-kais do Millôr, que em breve terá uma história.

E vejam só ainda ganhei de brinde mais uma leitura para o Desafio do Skoob: Millôr é um autor brasileiro, ora pois!

Grifos (muitos):

Diz, pensar. Livre-pensar é só pensar.
Nunca tive medo, gente, Se há perigo Alguém vai na frente.
É meu conforto, Da vida só me tiram Morto 
Morta, no chão, A sombra É uma comparação.

Sinopse:
O hai-kai foi criado no Japão e é, por definição, um pequeno poema composto de três versos, e não possui rima, que foi acrescentada nas suas versões ocidentais. Este tipo de verso popularizou-se no século XVII com Bashô. Millôr Fernandes recriou o hai-kai e adaptou-o ao dia-a-dia, (olha,/ entre um ping-o e outro/ a chuva não molha) tornando-o uma das suas mais conhecidas formas de expressão. Neste livro foram reunidos alguns hai-kais criados entre 1959 e 1986. Segundo o ancestral método japonês, os versos têm uma ilustração que lhes traduz ou interpreta.

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